GIGs Nº 306 Julho/09 - Entrevista: Die

GIGs - Julho de 2009 - Entrevista com Die



--Vocês tem feito apenas shows depois de gravarem "UROBOROS". Sendo uma pessoa que precisa se manter tensa para realizar uma boa performace no palco,como foram esses ultimos 6 meses?



Die: Esse ano em janeiro nos participamos da KERRANG! Tour (Inglaterra e Irlanda),e em fevereiro realizamos shows em pequenos clubes no Japão. A situação foi bem diferente do normal, e foi um tipo de turnê pela qual passamos pela primeira vez como banda. Primeiro porque todos os membros e o staff viajavam juntos no ônibus e tambem porque nós nunca realizamos algo do tipo no Japão. Mesmo com a programção apertada,o humor/atmosfera da banda e do staff possuiam uma sensação de união.Acredito que realizamos uma grande turnê.



--Depois do show, enquanto vocês estavam a caminho da próxima apresentação, vocês conversavam no ônibus?



Die: Não muito, afinal estavamos sempre esgotados.Mas costumavam passar a gravação do show daquela noite no ônibus e todos assistiam juntos.
E isso foi um dos fatores que deixou a turnê com gosto de "exterior"(*ele está se referindo aos shows do Japão). Depois do show nós iamos até o ônibus que nos levaria a próxima cidade,passavamos a noite e faziamos o show no dia seguinte....,mas não foi tão exaustivo comparado com as turnês estrangeiras.



--E qual foi o motivo de realizar uma turnê dessas no Japão? Kaoru disse que desde que "UROBOROS" começou no Osaka-jo Hall, vocês queriam tocar em clubes pequenos, o que é totalmente oposto ao que vocês estão acostumados.



Die: Nós conversamos a respeito de realizar shows em clubes menores mas houve diversos problemas para tornar isso possivel incluindo o fator do equipamento.Sendo assim nós teriamos que realizar toda a turnê apenas em clubes pequenos, e para uma turnê "formal" iriamos a lugares que nunca fomos antes.Essa idéia surgiu após o show no Osaka-jo Hall ser decidido. Nós tambem decidimos baseados na idéia de que realizar esses shows menores seria interessante. Nós usamos o mesmo equipamento da turnê em janeiro pela Europa,era como um sistema minimizado. Pra mim pelo menos, não soava como nosso som normal (risos).Usando um equipamento menor,fica muito mais dificil equalizar o som.Principalmente para ajustar as distorções entre som limpo.Foi o mesmo para detalhar a atmosfera e os efeitos do show.



--Já que houve essa mudança,houve tambem alguma diferença no seu modo de tocar?



Die: Já que fazia muito tempo desde a última vez em que tocamos num local pequeno,estavamos ansiosos com relação ao som.Mas conforme nós realizavamos os shows nossas performances se uniram. A bateria ficava muito próxima,e eu sentia como se realmente fosse possível realizar esses shows.
A turnê em fevereiro foi bem grande. E pra mim fomos capazes de encontrar o ritmo da banda. Era como se fosse possível eu me lembrar as músicas novas mesmo sem pensar nelas. Então de março a abril, nós realizamos nossos shows regulares em lugares maiores. Meio que foi uma loucura.



--Como assim?



Die: Foi uma loucura porque não fomos capazes de sentir o ritmo ao máximo.Quando iniciamos a turnê em março,haviam shows que ainda não estavam finalizados. Comparando com fevereiro nós simplesmente tivemos mais "ritmo" como banda.



--Foi porque suas abordagens ao vivo mudaram conforme vocês repetiam os shows?



Die: Não, foi simplesmente porque os palcos eram maiores e o som se tornava mais dificil de ouvir. Cada som precisa ser tocado de maneira correta e no tempo certo e nós vemos pelos monitores, ou então se torna muito mais dificil de tocar.Foi esse o problema.E tambem durante a turnê em fevereiro,nós tinhamos a sensação de não precisarmos pensar muito no que estavamos fazendo para achar o ritmo e tocar e dessa vez não tivemos escolha a não ser confiar nos som que saia dos monitores. O ritmo em "UROBOROS" é bem detalhado e dificil. Talvez tenha sido tambem porque a atmosfera vista pelos monitores estava diferente ou por haver um ponto em que você não pode simplesmente interromper. Talvez seja por isso que ainda resta uma certa duvida em relação a como os shows devem fluir. Eu só fui capaz de pegar o ritmo certo após o show mais recente no Zepp Tokyo. Mas, pessoalmente eu acredito que todos provavelmente sentiram que eles ainda não podiam interromper.



--É bem diferente se você está assistindo. Durante a turnê vocês tambem realizaram shows exclusivos para o público masculino após 5 anos. Parecia que a sensação de uma turnê no exterior tambem apareceu no Japão.Vocês acharam isso empolgante?



Die: Houve um ânimo convidativo que eletrizou o momento quando começamos a tocar "VINUSHKA". No exterior,não houve uma resposta do público como essa. Claro que, a sensação era ótima, porque nós tambem nos sentiamos enlouquecidos. Hove tambem momentos em que o público se empolgava e nós não estavamos esperando tamanha reação. Não houve um padrão.



--Mesmo sendo uma locução acústica de guitarra, houve uma empolgação grande.



Die: Sim. Eu tambem penso assim.



--Durante a turnê, Kyo sofreu de inflamação nas cordas vocais e edema na laringe e vocês tiveram que adiar 3 shows.



Die: A partir da turnê de março nos tocamos muito "Ware yami tote" e "INCONVENIENT IDEAL" coisa que não haviamos feito muito até então. a afinação nessas músicas é muito aguda, rezalizando diversas apresentações com essas 2 múscias inclusas era severo e quase torturante.Eu entendo isso mesmo tocando guitarra. Vendo ele cantar tentando atingir essas notas desesperadamente, enquanto sua voz não as alcançava, me machucava tambem. Porque apesar da dificuldade ele não desistia. Eu ficava até com um aperto no peito. E eu tambem me sentia estimulado ao ver Kyo-kun se esforçando até aquele ponto.



--Isso de alguma forma o fez mudar seu modo de tocar as músicas de "UROBOROS"?



Die: Eu não costumo fazer isso. E é porque no meio da atmosfera ao vivo, eu simplesmente fazia o que me dava vontade. Mas honestamente, entre março e abril, eu senti como se tivesse que contruir tudo do principio. O sistema de som havia mudado para um normal. Assim, já que eu conseguia ouvir cada batida, o modo de lidar com o ritmo mudou.



-- Mesmo sendo uma passagem de bateria dificil,quando você sente o ritmo é atraves dela (da bateria) certo?



Die: Dependendo do som ou do arranjo, o ritmo não esta concentrado na bateria (risos). A rotação dos sons é sempre interligada e é por isso que as vezes eu não tenho escolha a não ser achar o ritmo sozinho. Há algumas ocasiões em que eu não consigo tocar bem ouvindo apena a bateria. É bem complicado. Durante "Doukoku to Sarinu" ou "VINUSHKA" eu preciso manter o ritmo na minha cabeça. Se eu me perder, não tem como retomar. "UROBOROS" tem realmente muitos ritmos detalhados, daí eu não consigo relaxar.



--E é dificil manter-se calmo durante os shows?



Die: É. de certa forma, sempre há uma tensão "boa" presente. Não são músicas que você pode executar se estiver distraído.
Na verdade eu acho que toco até melhor quando estou nervoso. Coisas dificeis valem mais a pena. E dessa forma, eu consigo vizualizar o que está por vir lentamente. Mas primeiro, eu tenho que dominar completamente as músicas do "UROBOROS" .



--Com relação ao que está por vir, você tem planejado começar a compor?



Die: Bem, faz quase um ano que eu não componho nada.Entretanto, após terminar a turnê nacional e antes da turnê européia, eu pensei em começar aos poucos.



--DIR EN GREY tem falado sobre a "lei do pêndulo"*? Depois de criarem músicas que que vocês mesmos formularam,dessa vez, vocês farão músicas para atingir diretamente a audiência?



Die: Não é facil de entender?(risos).Nós nos cansamos rapidamente das coisas.Mas é claro que nós desejamos inspiração/estimulo constantemente, e gostamos de ser desafiados.Nós tambem não ouvimos nada similar. E tambem,as idéias surgem aos poucos,não é a lei do pêndulo, é algo mais simples.Nós temos nos focado naquilo que é mais facil de ser ouvido e assimilado.



--Atraves de "UROBOROS" vocês puderam tocar um estilo que é de longe o seu próprio. Seria interessante se houvesse um solo de guitarra adiante.



Die: Solo de guitarra...faz algum tempo que não fazemos isso (risos). Eu não me lembro de ter gravado nenhum recentemente. Uma música com um solo pode ser interesante. Pode ser algo que será refletido em nós de maneira nova.



--Com relação à estrutura das composições músicais, será simples e de facil compreensão?



Die: Eu costumo pensar nessas partes como "sem graça". Uma vez que você se prende a uma imagem é dificil expandi-la. Você precisa remover tudo aquilo que você rejeitou anteriormente e eu imagino o que será de nós quando nos tornarmos "sem graça".



--Com relação à sua guitarra, eu ouvi que você mencionou algo sobre um novo modelo que está para sair?



Die: Ainda não está pronta devido a turnê, eu ainda nem discuti os detalhes do modelo. Na verdade eu tenho pensado em muita coisas, por exemplo se eu vou usa-la continuamente ao vivo, porque daí seria dificil com esse modelo novo. O mais complicado é a grossura do braço da guitarra.Já que é grosso como uma tora, usando nos shows eu teria cãimbras no braço esquerdo. Acima disso, como deve ser a tensão das cordas para que eu possa tocar as músicas com o tom do DIR EN GREY e o tom normal sem diferenças. Já que possuimos muitas músicas rápidas, o som mais baixo deve possuír intervalos. Por fim, deve ser uma guitarra íncrivel com um amplo alcance. Essas são minhas condições mas não há como fazer uma guitarra desse porte rapidamente então eu tenho pensado em levar isso adiante devagar e pretendo que ela fique pronta até 2010.





*A lei do pêndulo foi descoberta em 1595 pelo famoso italiano, Galileu Galilei.

Mas na verdade transporta-nos muito mais além do que o tic tac de um relógio.
A lei do Pêndulo administra cada sentimento da nossa mente, oscilando entre o claro e o escuro, entre amor e ódio.A distância vai de uma lágrima a um sorriso.

Nesta dualidade talvez por prudência somos atraídos para o pessimismo, limitamo-nos a contemplar o lado negativo de cada situação.

Esta tendência rouba-nos a sensatez na análise, fazendo-nos ignorar realidades elementares como que uma moeda tem duas faces.



Tradução: DIR EN GREY BR
Créditos:
orchestrated-chaos



Por Aiko


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